Como ajudar pais e mães a serem melhores pais e mães

Para ajudar as crianças, os pais precisam entendem que dar limites é diferente de mal tratar os filhos
Para ajudar as crianças, os pais precisam entendem que dar limites é diferente de mal tratar os filhos

Ao longo do meu percurso profissional, pude exercer a psicologia de várias formas diferentes. Pais e mães sempre foram uma presença constante em meu consultório, com uma pergunta simples: como posso ajudá-los a educar melhor os seus filhos? O que precisam fazer para se tornarem melhores como pais e mães?

Meu trabalho mais extenso e contínuo foi no âmbito da saúde e da assistência social no município de Picada Café. Lá, precisava fazer um trabalho de acolhida e orientação com as famílias que ali eram atendidas. 

Nesse contexto, tive a oportunidade de auxiliar dezenas de pais que estavam desamparados em relação a como lidar com questões que seus filhos apresentavam.

Muitos foram encaminhados por sugestão das equipes das escolas, do Judiciário e outros tantos vieram com seus filhos por necessidade própria. Em comum, havia a busca do meu saber como psicóloga para que eu os auxiliasse a entender o que se passava com seus filhos. Por algum motivo, as crianças e adolescentes não estavam bem. 

O volume dessa procura foi escalando ao longo do tempo. 

Por ser um tema muito delicado e complexo, fui percebendo a necessidade de aprofundar minha formação em desenvolvimento na infância e adolescência. Meu desejo era conseguir responder essa demanda de uma forma cada vez mais competente.

Aprendemos a educar pela forma como fomos educados

Através da escuta dos pais, de educadores e dos meus colegas, observei que a insegurança dos pais em relação à educação dos filhos tem sido frequente. 

Sabemos que as experiências da infância e da adolescência são a base para a formação da personalidade. São decisivas para o estabelecimento de uma vida adulta saudável. Nesse sentido, o papel dos pais é fundamental – pois é de sua responsabilidade oferecer às crianças todas as condições necessárias ao seu bom desenvolvimento. 

Em psicanálise, costumamos dizer que se educa com o inconsciente. Esta ideia implica em dizer que os adultos educam seus filhos a partir de sua própria história. 

Cuidados de uma forma parecida como a que fomos cuidados, educados a partir dos preceitos com que fomos educados. Nem que seja para fazer justamente o contrário do que nossos pais fizeram. 

Mas, fato é que educação significa uma transmissão daquilo que nos consitui e vale dizer: um processo complexo cheio de pontos cegos.

O poder da escuta da angústia dos pais

Nesse trabalho, tenho como objetivo escutar e entender as angústias dos pais. Ao longo do processo de orientação, posso pensar com eles, a partir da psicologia, quais as melhores saídas para os impasses que se apresentam. 

O lugar do meu saber profissional não é de determinar aos pais o que fazer com seus filhos, porque isso é uma tarefa intransferível. 

Porém, cabe a mim conseguir clarear o que está se passando com o filho deles, em que fase do desenvolvimento ele se encontra. A partir disso, posso ajudá-los a pensar, através desse entendimento, qual seria a melhor forma de conduzir cada situação e qual a forma mais adequada de colocar tais questões na prática. 

Como um psicólogo pode ajudar a educar filhos

Vamos a um exemplo hipotético. Um casal de pais me procura para saber como dar limite ao filho, cujo comportamento tem sido motivo de queixa da escola.

Estão angustiados porque não conseguem fazer com o que o filho obedeça. 

Essa é uma situação bastante comum. Se você que está lendo o texto já não passou por isso, certamente conhece alguém que teve o filho apontado como um problema no colégio.

Através da escuta do casal parental, é possível apreender as motivações, os receios e as inseguranças de pais e mães em estabelecer limites para o filho. 

Às vezes, é porque os pais sofreram violência quando eram crianças e temem reproduzir tal modelo. Outras vezes é porque o casal está com alguma questão de divergência no casamento.

Há também uma terceira possibilidade – a de que os pais, por várias e diferentes razões, não suportam frustrar o filho em seus desejos, já que entendem que sua função é atender as necessidades de sua criança.

Entendem que dar amor é deixá-los fazer o que bem entendem quando, na verdade, a criança precisa de parâmetros para que possa se posicionar e se orientar no mundo.

Dar limites não é sinônimo de maus tratos

Nesse exemplo, meu trabalho é entender os elementos em jogo nessa cena, mapeando as angústias dos pais e oferecendo a eles uma orientação sobre qual a importância do limite para o bom desenvolvimento do filho. Que limite não é a mesma coisa que xingamentos ou violência – que é um ato de amor. 

Meu papel é de ajudá-los a ressignificar o real entendimento sobre o que representa construir limites aos filhos, algo que nem sempre está claro. 

Ao mesmo tempo, é necessário também dar um suporte aos pais. Criar um repertório a partir do qual saibam como agir em diferentes situações. Ajudar a inscrever limites na criança de maneira tranquila e saudável. 

Vale lembrar que esse trabalho é feito dentro do contexto de psicoterapia infantil e psicoterapia adolescente. Contudo, há situações em que os pais só precisam de uma consulta sobre determinado ponto específico e que uma orientação é suficiente.

O desenvolvimento infantil e adolescente é um caminho complexo e interroga os pais de diferentes formas, colocando-os, muitas vezes, em um impasse que precisa de orientação.

No caso de o profissional detectar que há mais questões delicadas e que a criança apresenta pontos que devem ser tratados, a psicoterapia será indicada.

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